segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mudar o mundo

Hoje 2 meses de blog!
=D

É impressionante como um acontecimento, isolado ou não, tem a capacidade de nos abalar. Hoje, ‘laizando’ por aí, nessa minha eterna mania de observar demais, pensar demais e sentir demais, acabei deparando com uma situação que me incomodou bastante. Saí apressada depois do almoço, já atrasada para a faculdade e fui, meio correndo, meio andando, para o ponto perto de casa. A alguns metros pude ver que havia lá sentado um homem maltrapilho, com seu saco de pertences ao lado. Na hora meu coração subiu pela boca, na mochila estava minha vida: notebook, celular, anotações, maquiagem (kk), enfim, meus bens mais valiosos. No mesmo momento em que o que o vi, parei de andar, pensei um segundo e desviei para a esquina a alguns metros do ponto, de onde poderia ver o ônibus e o homem ao mesmo tempo. Observando- o de longe vi uma expressão cansada, triste... ele nem me olhava, ficava cabisbaixo, imóvel. Não consegui não me sentir culpada com a cena. Me angustiava pensar que ele vira que não fui lá por causa dele, me matava ser eu a burguesinha que julgara logo de cara, mas o que mais me incomodou mesmo foi perceber que querendo ou não, minha atitude era a mais prudente.
Agora, me pergunto: que mundo é esse em que tudo se teme, tudo se condena? Porque tanta discrepância? Não pode estar certo! Minha vontade era ir lá, sentar do lado dele e conversar... queria conseguir dizer: eu te dou atenção, consigo te enxergar como o ser humano que é. Mas não me movi. Não sei descrever o que senti... dava repulsa de mim, repulsa do mundo... ninguém jamais deveria ser sujeitado àquilo. E eu que sempre me senti tão humanitária, nem exitei em julgar e condenar... pela primeira vez me vi como membro da corja que me cerca. Enquanto eu refletia, o homem se levantou, pegou a bengala (que eu nem tinha visto), seu saco e saiu mancando. Ver aquele homem sujo, maltrapilho, quase descalço, mancando com um saco preto nas mãos em contraste com uma praça linda, cercada de casas perfeitas, simplesmente me matou. Doeu ver minha impotência e comodismo, fiquei envergonhada.
Depois da aula, já nem me lembrava da cena anterior. Havia seguido minha  vidinha, como todo mundo faz. Dentro do ônibus lotado, seguia tranquila cantarolando uma música qualquer que ouvia nos meus fones, foi então que mais uma vez vi algo que me abalou. Presenciei, a meio metro de mim, a dificuldade para se segurar de um senhor cuja cadeira de rodas ia para frente e para trás com o sacolejar do ônibus.   A mulher ao lado dele falava: coloque o freio... mas a cadeira não tinha freio. Eu não sabia o que fazia, será que ninguém estava vendo? Acontece que eu estava. Eu assistira a cena toda. Eu ficara parada. Me aliviou quando o senhor finalmente se prendeu, mas me deu um nó na garganta não ter como ajudar.
Desci no meu ponto com descrença absoluta de mim, da sociedade e do mundo. ‘Nunca vai mudar’, pensava, ‘ninguém tem força para isso!’ Chegando em casa, quando ia abrir o portão, vi subindo o muro, com a maior dificuldade, uma formiga minúscula, carregando um folha gigantesca. Parei, observei eeee... pisei na formiga!!!!! (kkk, claro que não né gente! Brincadeira.. só pra descontrair). Então, parei, observei e achei graça da formiga. Um caos total em volta e ela lá, carregando a folhinha com a maior seriedade do mundo. Continuei olhando e foi então que percebi: a formiga é que está certa nessa história. O trabalho dela, a parte dela, ela faz com primor. Se nesse formigueiro de gente, cada um fizesse seu papel, certamente as coisas começariam a mudar. Aquela formiga me mostrou uma coisa: eu posso sim mudar o mundo, não o seu, não o dos outros, mas pelo menos o meu!

“Se quer mudar o mundo, comece no quarteirão.”

6 comentários:

  1. "Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo"

    que bom que vc pensa em amobos. adorei o texto, amiga!

    ResponderExcluir
  2. Primeiro devemos iniciar o nosso processo de mudança interna. Pra depois olhar para os lados e pintar uma Rosa no mundo.

    Um beijo e Parabéns pelos 2 meses de blog!!

    beijocas

    ResponderExcluir
  3. Essa história me lembrou uma coisa que me aconteceu. Eu estava no Pão de Açúcar da T-63 esperando uns amigos e fiquei enrolando por lá, comprando algumas besteiras. Quando menos espero me deparo com um "doidinho" no meio do corredor. (Tá bom, ele não era "doidinho", só tinha alguma deficiente mental) Aí ele estendeu a mão e eu cumprimentei ele normalmente. Então ele abriu os braços pedindo um abraço. FOI A COISA MAIS LINDA!!! Eu o abracei! E a mãe dele, que estavaparada ao nosso lado, abriu um sorriso enrome! auhsuhaushuahushauhsuhauhsuahsuha
    Tá bom que cheiroso ele não estava, mas eu me senti tão bem fazendo aquilo que meia hora depois eu ainda estava sorrindo!
    auhsuahushauhushauhsuahushauhsuahushauhs
    Devemos sim fazer a nossa parte, amiga! Nem que seja só eu e você nesse mundo todo! Vale a pena! ;}

    ResponderExcluir
  4. A mudança realmente começa com cada um... lindo texto, Laíza. : )

    ResponderExcluir
  5. Nossa... q lindo! Acho que esse foi o texto que mais me tocou!
    Tb já me senti assim várias vezes!
    Como pode termos chegado a esse ponto, ne???
    Já fui interpretada mal uma vez, há mto tempo, como todo mundo já foi alguma(s) vez(es) na vida! Mas posso dizer que dessa tal vez eu nunca esqueci! Senti na pele o quanto é ruim ser julgada logo de cara! Foi assim: eu tinha acabado de sair da psicóloga e fiquei encostada num portao de uma casa esperando o motoboy! De repente, sai uma mulher da casa e me pergunta: "Voce, por acaso, está querendo alguma coisa???" Parece pouco... uma simples pergunta, ne? Mas nao! O tom e a expressao dela eram tao hostis, tao agressivos, que foi como se ela estivesse me expulsando dali como faria a um cachorro! Ela ficou me olhando de cima a baixo durante mto tempo... provavelmente se perguntando o que eu estaria armando e quando eu iria sair dali! E o que eu pudia fazer??? Me retirei... mudei de rua... e... e me senti tao mal! Tao humilhada e inferior! Poxa!!! Só estava esperando o motoboy!!!
    Eh... é duro! E pensar que tem gente, como o mendigo aí do seu texto, que passa por isso todo dia!

    Parabens pelos 2 meses, prima! Que venham ainda mtos pela frente! Bjoo ;D

    ResponderExcluir