sábado, 18 de dezembro de 2010

Poderosa

Li que uma mulher é poderosa quando se torna um desafio mental, quando mostra que é capaz de manter inabalada sua rotina independentemente de qualquer relacionamento, quando consegue ser segura e gentil ao mesmo tempo, quando não demonstra o que sente, mantendo- se enigmática, confiante, tentadora... Enfim, uma mulher é poderosa quando deixa de ser humana, ou, ao menos, deixa de ser como eu.
Nunca consegui ser o tipo de pessoa que revistas e livros não cansam de enaltecer, talvez isso explique meus fracassos sucessivos, ou talvez não signifique nada. A vida e as pessoas são tão singulares que não entra na minha cabeça isso de adequar o agir, o sentir e o pensar a um determinado padrão. Sou tantas numa só que é, provavelmente, impossível sumarizar meus extremos. E o que fazer quando sua essência vai contra toda e qualquer linha de comportamento classificado como adequado?
Sinto me desafiada, ameaçada... como se o mundo jogasse na minha cara que, sendo eu mesma, estarei fadada à solidão. Não sei ser de outro jeito e não quero/queria ser condenada por isso. Não admito essa culpa que me toma. Mas me enlouquecem as vozes que gritam e gargalham e zombam da minha incapacidade de dissimular o que sinto. 
Não quero ter que escolher entre eu e ter alguém... e sei que, apesar de tudo, tenho muito a oferecer. Por isso, nessa busca incessante e exaustiva, sigo na esperança de que alguém um dia será doido o suficiente para me aguentar assim mesmo: transbordante de emoções, pensamentos e quereres. Porque poderosa sou eu, que não desisto de mim.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

AMARGO

Azedo, amargo, doce e salgado. São quatro as percepções básicas que nosso paladar pode assumir. Cada região da língua tem papilas gustativas que identificam preferencialmente um desses sabores. E assim se ‘resumem’ os gostos que as coisas assumem.
Metaforicamente falando, qualquer coisa pode ser azeda, amarga, doce ou salgada... um cheiro, um momento, sua própria vida. Creio que muitas vezes toda a complexidade que vivemos pode ser expressa, ou não, em uma palavra, sentido ou sentimento e que nada disso é estático (graças a deus!) uma vez que basta um acontecimento ou menos que isso para mudar, temporariamente ou permanentemente, nosso universo particular.
Meu pai costuma dizer que não existe absolutamente nada simples no mundo e que teimamos em tentar simplificar aquilo que é complexo por natureza. Indo contra seus ensinamentos, atrevo- me a, em uma palavra, classificar como amargo o momento que venho vivendo. Isso não é necessariamente ruim, mas para alguém tão adepta de doçuras é difícil apreciar devidamente a amargura das coisas.
Olho em volta e percebo uma ordem que não condiz com meu caos particular. Meus perfeccionismos seletivos contrastam paradoxalmente com a desordem que me sufoca de dentro para fora. Sempre busquei o máximo de tudo, mas nisso de sentir demais, pensar demais, querer demais... começo a precisar do menos. E, nessa amargura das coisas, sentir de menos, pensar de menos, querer de menos seria tudo.
Surpreendo- me com a necessidade quase infantil de fugir das coisas. Em cada fuga busco doçuras que não posso apreciar... e por pior que seja enfrentar as amarguras, tentar escapar delas é sempre a tarefa mais difícil (e impossível).
Fecho os olhos e me amedronta tanta baderna, me aterrorizam as incertezas... e quando o desespero vai tomando conta: me tranco no quarto, ligo o som e danço. Danço, canto, sorrio... porque por mais amarga, azeda, doce ou salgada que ela pareça, a vida é, na verdade, uma mistura de sabores.


ouça:   The masterplan



(Eu sei que vc vai passar aqui... sim, a foto é para vc... e não, vc não me lembra nada amargo kkk bjão)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Extravasa!

Abri os braços. Fechei os olhos. Rodei, rodei e rodei. Sentia o corpo entorpecido, inebriado naquela confusão voluntariamente instalada. Ainda assim rodava. Era um instante sem cobranças, sem aborrecimentos... apenas eu e minha vertigem.
Fechei os braços. Abri os olhos. As formas distorcidas anunciavam uma ordem desordenada, um silêncio revelador. E então a epifania: minha força estava no caos.


Sabe aqueles dias em que tudo dá errado? Pois é, eles existem. As vezes parece que o universo inteiro ta querendo te testar... nessas horas, a propensão para, por exemplo, dentro do ônibus, a mulher bunduda te esmagar bem em cima do cara fedido é enorme. Isso quando não chove bem no dia em que você resolveu passar a chapinha. Enfim, quando ta tudo uma merda não adianta querer correr do fedor.
Hoje chegando em casa, com as mãos cheias de livros, fui tentar abrir o portão, cujo cadeado foi estrategicamente desenvolvido para derrubar sua chave em momentos de estresse. E não deu em outra: o diabo da chave caiu por dentro da garagem. No que eu abaixei para pegar, derrubei os livros e minha pasta. Já irritada, peguei a chave, os livros e quando puxei a pasta ela abriu e simplesmente espalhou na calçada todas as milhares de folhas que eu carrego. Aquilo me deu um ódio tão grande que nem consigo descrever. Nessas horas a raiva é tamanha que precisamos extravasar de algum jeito! Quando abri a boca, lembrei que não deveria dizer palavrões (quando eu era pequena era um tapa na boca por palavra feia pronunciada... no auge da raiva, o máximo que minha mãe consegue dizer eh “que meleca, seu bobo!”)... enfim, fechei a boca. Quando olhei de novo para aquelas folhas, minha mãe que me desculpe, mas não teve jeito. Xinguei até a oitava geração do cadeado, da chave, do portão e o escambal! Mais aliviada, catei as folhas e entrei em casa.
O episódio me fez refletir: porque diabos eu não podia dizer o palavrão? (É óbvio que o sentido da pergunta não está no palavrão em si, afinal, 1. não podemos falar tudo o que queremos 2. eu não quero que minha mãe enfarte.) Quer dizer, qual o sentido de viver em função de regras sem sentido? As vezes perdemos tanto tempo nos preocupando em fazer ou pensar aquilo que esperam da gente, que nos esquecemos de ter fidelidade aos nossos próprios ideais. Viver é enlouquecedor, portanto: abraça a sua loucura! De que adianta uma vida sem desejos ou desafios? Qual a graça em ser a Miss Santidade?  Na maioria das vezes as barreiras que nos limitam são auto- impostas. Cruza- las não tem o menor problema, contanto que estejamos dispostos a sofrer as conseqüências (pela santa bicicletinha, só não vai achar que você é o Batman e pular de um prédio!). Crescer é saber a hora certa pra fazer a coisa errada e amadurecer é perceber que responsabilidade e diversão não são inversamente proporcionais.



Não deixe de ouvir essa música:  YOU GOTTA BE 
(nossa, a letra é perfeita...!)

    @laizaantonelli   -> fiz twitter! Agora é só aprender a mexer direito =x