quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dia de cão


Era um dia relativamente comum. Mesmas pessoas. Mesma rotina. Mesmas chatices. O típico dia em que você questiona o porquê de ter saído do conforto da sua cama. O tipo de dia em que você cogita fugir com o circo ou virar malabarista.
O corpo doía, os livros pesavam, o sol queimava e eu subia a rua vagarosamente, ansiosa pela minha casa, meu quarto, meu computador. Uma vez em casa, lá estavam o Loki (meu filhote de Pit Bull) e a Lady (minha Rotweiller tamanho leitão) me aguardando alegres em frente ao portão. Não sei que tipo de instinto gera o ciúmes naqueles dois, mas posso dizer q o caminho até a porta da sala costuma ser bem difícil já que eles não permitem que você ande e ficam brigando entre si para ver quem consegue lamber e pular mais.
Enfim, lá estava eu com as mãos cheias de livros e lutando para chegar até a porta sem cair (de novo) de bunda no chão. Vencida a aventurosa travessia, eu, finalmente, entrava em casa e, dois segundos depois, o Loki inventava de entrar junto, passando que nem um tiro por debaixo das minhas pernas.
Sabendo que minha mãe enfarta só de pensar em cachorro dentro de casa, gritei para que ele voltasse... mas, como meu “cachorrês” andava meio enferrujado, ele não me deu ouvidos. Cinco segundos depois, me vinha o Loki correndo loucamente com uma meia preta na boca. Aflita com a possibilidade da meia ser do meu pai, dei um mortal (tá bom, tá bom, foi uma semi cambalhota) por cima do sofá para tentar pegá-lo antes q ele saísse de casa... mas acabou que não deu muito certo e ele saiu.
Corri o máximo que pude atrás dele, até, finalmente, conseguir arrancar a bendita meia de sua boca. Mas a vitória não durou nem dez segundos e quando fui ver a Lady já tinha pulado e a arrancado da minha mão.  Corri e agarrei uma ponta da meia, enquanto o Loki corria e agarrava a outra, ficando os três naquele cabo de guerra enquanto a Lady nos arrastava.
Ao perceber minha impotência, desisti da batalha e deixei que eles lutassem entre si. Entrei em casa pensando em como era fácil deixa-los alegres, como uma simples meia havia transformado seu dia e fiquei com inveja, quisera eu ter meu dia de cão.


Loki mandando língua e Lady planejando como vai pegar a câmera =x


ATENÇÃO: esta história é baseada em fatos reais

O paradeiro da meia permanece desconhecido
(ainda bem que era do meu irmão =x )

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Batalhas

Existem dois tipos de batalhas: as que escolhemos e as que nos escolhem. Se você quiser vencer a guerra, terá que lutar em ambas. Mas e quando o desafio é maior do que se pode aguentar?
Creio que a revolta faz parte do processo e cada um tem um jeito de lidar com a própria dor... acontece que hesitação e fuga têm consequências e, nem sempre, estamos preparados para lidar com elas.
Tudo parece muito injusto e quem somos nós para protestar acerca do que não podemos entender? Se a vida fosse fácil, não haveria sentido vive-la... no final das contas, só nos resta abaixar a cabeça e lutar como pudermos nossas guerras pessoais.
Não clame pela piedade do outro quando é você quem mais se sabota. Não estou dizendo que é fácil... só entenda que aceitar a batalha é o primeiro passo para vencê-la e ter forças para começar é, sem dúvidas, o maior desafio!
Não se iluda, o livre arbítrio é uma questão de perspectiva. Você pode até optar por ficar parado, mas não tem o menor controle sobre as consequências de sua inércia opcional.  
Acredito que criamos a maior parte dos nossos problemas, mas isso nem sempre determina quem ou quão forte somos... ter momentos de fraqueza não quer dizer que se é fraco e aquela pequena batalha cotidiana pode ser, muitas vezes, o desafio da sua vida.

Me agarro com tudo o que tenho à ideia de que mudanças acontecem e que um dia, quem sabe, serei forte o suficiente para não me render às minhas próprias fraquezas, mas não posso garantir que isso efetivamente ocorra. A grande verdade é que, muitas vezes, escrevo aquilo em que quero acreditar e, me reservando esse direito, digo, com a voz tremula, que: eventualmente é preciso perder algumas lutas para ter força e experiência para vencer a guerra e, por mais difícil que seja lidar com o desânimo de prosseguir, é preciso continuar seguindo... uma vida sem vida, acaba sendo uma forma de morte.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Bullying

Já escrevi sobre amores, vergonhas, dúvidas e fracassos, mas o que mais dói, isso sempre ocultei. Acho que todos temos uma trajetória de vida única e que nos torna quem somos. Eu, como todos a minha volta, tive vitorias e derrotas e seria hipocrisia dizer que me orgulho de tudo o que passei, porque a verdade é que preferiria esquecer muita coisa. Meu pai sempre me disse para não julgar a lágrima do outro, afinal, só ele tem consciência de suas dores. Portanto, não condene, seu maior sofrimento pode ser irrisório para quem está ao seu lado.

Meu grande problema sempre foi a comida e minhas obsessões a esse respeito fizeram minha vida enveredar por caminhos difíceis de se trilhar.  Não sei quando começou, não sei dizer quando me senti feia pela primeira vez, só sei que ao olhar para trás vejo uma menina gordinha, insegura, trancada no quarto e chorando porque um imbecil ou outro lhe deu apelidos maldosos na escola. Essa era (é) a minha fraqueza, meu fantasma, meu pesadelo e ver isso sendo jogado na minha cara diariamente certamente não ajudou nem um pouco.

Hoje consigo ter uma visão mais clara e madura das coisas, sei que não posso culpar ninguém por tudo o que passei (passo), mas também sei a repercussão das agressões constantes às quais era submetida. Bullying é coisa séria, não brinque com as fraquezas das pessoas, não destrua uma vida. Se o outro é gordo, magro, gay, alto, baixo, nerd, narigudo, ou sei lá o que, o problema é dele, agora ser ou não um imbecil que projeta nos outros suas próprias inseguranças é uma escolha sua.

O maior coitado da história não é quem sofre a humilhação e sim quem precisa rebaixar o outro para se sentir mais confiante. Cuidado com as coisas que você fala, cuidado com as coisas que você faz. Lembre-se de que um dia a mesa pode virar e, acredite, você não vai gostar do outro lado. Muita coisa poderia ser evitada se as pessoas simplesmente se preocupassem mais com as outras... e se você precisa dessas coisas para se sentir melhor, está na hora de rever seus conceitos, não seja um idiota, não crie regras em um jogo que não é seu.





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sexta-feira, 27 de maio de 2011

AMOR

Uma das ideias mais difundidas em relação ao amor consiste na premissa de que poucos o entendem. É então que me pergunto: o que exatamente é necessário para determinar o grau de compreensão de alguém em relação a um sentimento? Quer dizer, não existem provas, avaliações ou notas, tudo parte única e exclusivamente da vivência de cada um, então como categorizar? Ninguém exibe no peito a medalha “coração de ouro” e eu, particularmente, nunca conheci um phD no assunto... A verdade é que ninguém sabe mais que ninguém sobre o amor, o que existem são maneiras diferentes de responder a uma mesma pergunta.

Cada caso ou romance deixa uma marca e é inquestionável que isso influencia diretamente nossa concepção acerca do amar. Existem amores e amores, uns acabam porque tinham que acabar mesmo, seja por incompatibilidades pessoais ou por não ser o momento certo. Outros deixam aquela sensação angustiante de algo inacabado que pode, ou não, se esvair com o tempo. Alguns terminam antes mesmo de começar.

            Existem também aqueles fins que machucam, magoam... e esses são os mais complicados, porque deixam feridas difíceis de cicatrizar. Nesses casos você tem duas opções: ou xinga o cretino e nunca mais olha na cara dele ou diz que foi bom enquanto durou e que deseja que ele seja feliz (mas intimamente se regozija em imaginá-lo futuramente careca, barrigudo e com disfunção erétil precoce).

            Há, também, aqueles amores avassaladores. Esses te pegam de surpresa e, quando você pensa que não, já não se imagina sem a pessoa. E pode até ser que não sejam eternos, mas é certo que estão eternizados em cada momento, gesto ou sensação. São amores assim que compensam sofrimentos e decepções prévios... com eles você experimenta paz, tranquilidade e é como se tudo, finalmente, fizesse sentido. Então que você para de viver sonhando e passa a viver o sonho.

            Nem todo amor é correspondido, nem todo romance se concretiza, nem toda história tem final feliz, mas a verdade é uma só: todos querem amar e se sentir amados!





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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Seja feliz ¬¬

Sempre fui a boazinha do grupo, mas não cometa o erro de confundir bondade com burrice. Creio que não revidar tudo o que fazem é uma questão de resiliência e sabedoria. Mas não me tome por boba, pois isso, garanto, não sou. Dar botes a qualquer ameaça é inerente às cobras e não a mim, prefiro ficar no meu canto, o que não quer dizer que não tenha meu próprio veneno e não saiba a hora de usá-lo.
A mim nada interessa os caminhos tortos da sua vida, aprendi que o egoísmo é, por vezes, autopreservação. Das minhas mágoas e decepções, só eu sei e delas jamais esqueço. Sinto raiva, ódio e revolta, como um ser humano qualquer. Mas pisar de volta é fácil, difícil mesmo é se conter e saber os limites dessa contenção.
Aprendi a duras penas quão difícil é confiar e hoje tenho menos fé nas pessoas. Por mais que você se esforce, vira e mexe é uma traição e a vontade é bater de volta, vingar cada e toda agressão. Fico incrédula, me machuco, mas o que poderia fazer? Dessas guerras sem propósitos, eu prefiro me abster. Só não me teste ou abuse, não queira de mim meu pior.
Obrigada por descolorir meu mundo... rosa eterno seria fatal. Meus argumentos são hoje melhores, aprendi que falta de caráter, falsidade e mentira estão em qualquer esquina. Saco suas inseguranças e imaturidade, chego a quase ter dó de você, (não sou tão boa assim...). E seja feliz, meu/minha querido(a), (lá na puta que pariu) de preferencia, longe de mim.



'Cause if it wasn't for all that you tried to do
I wouldn't know just how capable I am to pull through

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Vida e morte

Pessoas morrem. Já parou para pensar nisso?
Minha avó acabou de morrer e eu só consigo pensar em quão estranho isso é.  Eu nunca mais vou vê-la, ou falar com ela, ou passar as mãos em seus cabelos e ouvi-la dizer como sempre nos parecemos... nunca mais.
Corremos tanto contra o tempo, que esquecemos de nos dar conta de que, na verdade, é ele quem corre contra nós.  E qual o sentido de competir numa corrida que certamente iremos perder?
Tudo isso é muito estranho. Talvez eu não esteja falando coisa com coisa... quer dizer, meus olhos estão inchados, a cabeça doendo e não consigo dormir... mas continua sendo estranho. Como assim, sabe? Não, a ficha não caiu.
Religiões a parte, sem devaneios de céu e inferno, a vida termina. E sendo a morte o único axioma da vida, que sentido tem insistir em vivê-la?
O telefone não para de tocar, noticias de morte facilmente se espalham, já percebeu? E amanhã, sei bem, será um dia triste. Um dia de neta sem vó.
É difícil lidar com essas coisas. A morte não tem data certa. E na semana de três provas e mil trabalhos, ela, de repente, se faz presente... provando sua soberania ante todo o resto.
Quando uma pessoa morre, deixa um pouco de si, leva um pouco com ela. Minha vó deixou muito coisa: 5 filhos, 6 netos e uma história de vitórias e batalhas. Minha ídala, eu diria. Mas ela se foi. E quem sabe não é esse o sentido da vida: eternizar-se nos outros e fazer da morte o sublime desfecho de um espetáculo sem reprise, sem direito a bis.
A vida acaba e, nem por isso, desistimos dela. Talvez pela emoção da corrida ou a adrenalina da incerteza... A verdade é que todos os dias acordamos, calçamos nossos tênis e corremos contra o tempo e a grande vitória não é alcançar a linha de chegada, mas servir de exemplo para que os outros continuem correndo.

Te amo, vó. Você é minha maior inspiração. Obrigada por me mostrar que vale a pena insistir na vida e por provar a todos que ,com garra e perseverança, o impossível é superado. Vá com Deus, vovinha... leve consigo a certeza de que todos a amamos e deixe conosco um exemplo a ser seguido e essa saudade doída, que aperta no peito e na alma.


Te amo pra sempre. <3

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amanhecia...

De olhos fechados, amparada por aqueles braços, permanecia imóvel na cama. Os corpos, entrelaçados, aqueciam-se, trocando, não só calor, como um carinho, para ela, inusitado. Podia sentir o arfar de seu peito e as batidas compassadas do coração. Estava protegida, pensava, abraçando-o com um pouco mais de força para verificar se ele não era um sonho.
Acordava de uma longa noite e, pouco a pouco, as lembranças ganhavam forma em sua mente. Constatava sua tolice em não antes perceber certas obviedades, mas isso já não era importante, uma vez que compartilhavam cumplicimente os pormenores de uma história antiga que, juntos, vinham construindo.  
Não era cedo para amá-lo e sim tarde para perceber o quanto o amava, mas o relógio era mero coadjuvante... o tempo de nada valia naquela pequena eternidade deles dois. E ela respirava uma nova vida, um novo querer, um novo sentir... e transbordava uma alegria genuína de quem encontra e é encontrada.
Podia sentir seu cheiro, seu toque e isso lhe bastava. Deitada em seu peito deixava-se ficar aconchegada e, então, a epifania: finalmente, amanhecia.






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