quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dia de cão


Era um dia relativamente comum. Mesmas pessoas. Mesma rotina. Mesmas chatices. O típico dia em que você questiona o porquê de ter saído do conforto da sua cama. O tipo de dia em que você cogita fugir com o circo ou virar malabarista.
O corpo doía, os livros pesavam, o sol queimava e eu subia a rua vagarosamente, ansiosa pela minha casa, meu quarto, meu computador. Uma vez em casa, lá estavam o Loki (meu filhote de Pit Bull) e a Lady (minha Rotweiller tamanho leitão) me aguardando alegres em frente ao portão. Não sei que tipo de instinto gera o ciúmes naqueles dois, mas posso dizer q o caminho até a porta da sala costuma ser bem difícil já que eles não permitem que você ande e ficam brigando entre si para ver quem consegue lamber e pular mais.
Enfim, lá estava eu com as mãos cheias de livros e lutando para chegar até a porta sem cair (de novo) de bunda no chão. Vencida a aventurosa travessia, eu, finalmente, entrava em casa e, dois segundos depois, o Loki inventava de entrar junto, passando que nem um tiro por debaixo das minhas pernas.
Sabendo que minha mãe enfarta só de pensar em cachorro dentro de casa, gritei para que ele voltasse... mas, como meu “cachorrês” andava meio enferrujado, ele não me deu ouvidos. Cinco segundos depois, me vinha o Loki correndo loucamente com uma meia preta na boca. Aflita com a possibilidade da meia ser do meu pai, dei um mortal (tá bom, tá bom, foi uma semi cambalhota) por cima do sofá para tentar pegá-lo antes q ele saísse de casa... mas acabou que não deu muito certo e ele saiu.
Corri o máximo que pude atrás dele, até, finalmente, conseguir arrancar a bendita meia de sua boca. Mas a vitória não durou nem dez segundos e quando fui ver a Lady já tinha pulado e a arrancado da minha mão.  Corri e agarrei uma ponta da meia, enquanto o Loki corria e agarrava a outra, ficando os três naquele cabo de guerra enquanto a Lady nos arrastava.
Ao perceber minha impotência, desisti da batalha e deixei que eles lutassem entre si. Entrei em casa pensando em como era fácil deixa-los alegres, como uma simples meia havia transformado seu dia e fiquei com inveja, quisera eu ter meu dia de cão.


Loki mandando língua e Lady planejando como vai pegar a câmera =x


ATENÇÃO: esta história é baseada em fatos reais

O paradeiro da meia permanece desconhecido
(ainda bem que era do meu irmão =x )

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Batalhas

Existem dois tipos de batalhas: as que escolhemos e as que nos escolhem. Se você quiser vencer a guerra, terá que lutar em ambas. Mas e quando o desafio é maior do que se pode aguentar?
Creio que a revolta faz parte do processo e cada um tem um jeito de lidar com a própria dor... acontece que hesitação e fuga têm consequências e, nem sempre, estamos preparados para lidar com elas.
Tudo parece muito injusto e quem somos nós para protestar acerca do que não podemos entender? Se a vida fosse fácil, não haveria sentido vive-la... no final das contas, só nos resta abaixar a cabeça e lutar como pudermos nossas guerras pessoais.
Não clame pela piedade do outro quando é você quem mais se sabota. Não estou dizendo que é fácil... só entenda que aceitar a batalha é o primeiro passo para vencê-la e ter forças para começar é, sem dúvidas, o maior desafio!
Não se iluda, o livre arbítrio é uma questão de perspectiva. Você pode até optar por ficar parado, mas não tem o menor controle sobre as consequências de sua inércia opcional.  
Acredito que criamos a maior parte dos nossos problemas, mas isso nem sempre determina quem ou quão forte somos... ter momentos de fraqueza não quer dizer que se é fraco e aquela pequena batalha cotidiana pode ser, muitas vezes, o desafio da sua vida.

Me agarro com tudo o que tenho à ideia de que mudanças acontecem e que um dia, quem sabe, serei forte o suficiente para não me render às minhas próprias fraquezas, mas não posso garantir que isso efetivamente ocorra. A grande verdade é que, muitas vezes, escrevo aquilo em que quero acreditar e, me reservando esse direito, digo, com a voz tremula, que: eventualmente é preciso perder algumas lutas para ter força e experiência para vencer a guerra e, por mais difícil que seja lidar com o desânimo de prosseguir, é preciso continuar seguindo... uma vida sem vida, acaba sendo uma forma de morte.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Bullying

Já escrevi sobre amores, vergonhas, dúvidas e fracassos, mas o que mais dói, isso sempre ocultei. Acho que todos temos uma trajetória de vida única e que nos torna quem somos. Eu, como todos a minha volta, tive vitorias e derrotas e seria hipocrisia dizer que me orgulho de tudo o que passei, porque a verdade é que preferiria esquecer muita coisa. Meu pai sempre me disse para não julgar a lágrima do outro, afinal, só ele tem consciência de suas dores. Portanto, não condene, seu maior sofrimento pode ser irrisório para quem está ao seu lado.

Meu grande problema sempre foi a comida e minhas obsessões a esse respeito fizeram minha vida enveredar por caminhos difíceis de se trilhar.  Não sei quando começou, não sei dizer quando me senti feia pela primeira vez, só sei que ao olhar para trás vejo uma menina gordinha, insegura, trancada no quarto e chorando porque um imbecil ou outro lhe deu apelidos maldosos na escola. Essa era (é) a minha fraqueza, meu fantasma, meu pesadelo e ver isso sendo jogado na minha cara diariamente certamente não ajudou nem um pouco.

Hoje consigo ter uma visão mais clara e madura das coisas, sei que não posso culpar ninguém por tudo o que passei (passo), mas também sei a repercussão das agressões constantes às quais era submetida. Bullying é coisa séria, não brinque com as fraquezas das pessoas, não destrua uma vida. Se o outro é gordo, magro, gay, alto, baixo, nerd, narigudo, ou sei lá o que, o problema é dele, agora ser ou não um imbecil que projeta nos outros suas próprias inseguranças é uma escolha sua.

O maior coitado da história não é quem sofre a humilhação e sim quem precisa rebaixar o outro para se sentir mais confiante. Cuidado com as coisas que você fala, cuidado com as coisas que você faz. Lembre-se de que um dia a mesa pode virar e, acredite, você não vai gostar do outro lado. Muita coisa poderia ser evitada se as pessoas simplesmente se preocupassem mais com as outras... e se você precisa dessas coisas para se sentir melhor, está na hora de rever seus conceitos, não seja um idiota, não crie regras em um jogo que não é seu.





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sexta-feira, 27 de maio de 2011

AMOR

Uma das ideias mais difundidas em relação ao amor consiste na premissa de que poucos o entendem. É então que me pergunto: o que exatamente é necessário para determinar o grau de compreensão de alguém em relação a um sentimento? Quer dizer, não existem provas, avaliações ou notas, tudo parte única e exclusivamente da vivência de cada um, então como categorizar? Ninguém exibe no peito a medalha “coração de ouro” e eu, particularmente, nunca conheci um phD no assunto... A verdade é que ninguém sabe mais que ninguém sobre o amor, o que existem são maneiras diferentes de responder a uma mesma pergunta.

Cada caso ou romance deixa uma marca e é inquestionável que isso influencia diretamente nossa concepção acerca do amar. Existem amores e amores, uns acabam porque tinham que acabar mesmo, seja por incompatibilidades pessoais ou por não ser o momento certo. Outros deixam aquela sensação angustiante de algo inacabado que pode, ou não, se esvair com o tempo. Alguns terminam antes mesmo de começar.

            Existem também aqueles fins que machucam, magoam... e esses são os mais complicados, porque deixam feridas difíceis de cicatrizar. Nesses casos você tem duas opções: ou xinga o cretino e nunca mais olha na cara dele ou diz que foi bom enquanto durou e que deseja que ele seja feliz (mas intimamente se regozija em imaginá-lo futuramente careca, barrigudo e com disfunção erétil precoce).

            Há, também, aqueles amores avassaladores. Esses te pegam de surpresa e, quando você pensa que não, já não se imagina sem a pessoa. E pode até ser que não sejam eternos, mas é certo que estão eternizados em cada momento, gesto ou sensação. São amores assim que compensam sofrimentos e decepções prévios... com eles você experimenta paz, tranquilidade e é como se tudo, finalmente, fizesse sentido. Então que você para de viver sonhando e passa a viver o sonho.

            Nem todo amor é correspondido, nem todo romance se concretiza, nem toda história tem final feliz, mas a verdade é uma só: todos querem amar e se sentir amados!





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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Seja feliz ¬¬

Sempre fui a boazinha do grupo, mas não cometa o erro de confundir bondade com burrice. Creio que não revidar tudo o que fazem é uma questão de resiliência e sabedoria. Mas não me tome por boba, pois isso, garanto, não sou. Dar botes a qualquer ameaça é inerente às cobras e não a mim, prefiro ficar no meu canto, o que não quer dizer que não tenha meu próprio veneno e não saiba a hora de usá-lo.
A mim nada interessa os caminhos tortos da sua vida, aprendi que o egoísmo é, por vezes, autopreservação. Das minhas mágoas e decepções, só eu sei e delas jamais esqueço. Sinto raiva, ódio e revolta, como um ser humano qualquer. Mas pisar de volta é fácil, difícil mesmo é se conter e saber os limites dessa contenção.
Aprendi a duras penas quão difícil é confiar e hoje tenho menos fé nas pessoas. Por mais que você se esforce, vira e mexe é uma traição e a vontade é bater de volta, vingar cada e toda agressão. Fico incrédula, me machuco, mas o que poderia fazer? Dessas guerras sem propósitos, eu prefiro me abster. Só não me teste ou abuse, não queira de mim meu pior.
Obrigada por descolorir meu mundo... rosa eterno seria fatal. Meus argumentos são hoje melhores, aprendi que falta de caráter, falsidade e mentira estão em qualquer esquina. Saco suas inseguranças e imaturidade, chego a quase ter dó de você, (não sou tão boa assim...). E seja feliz, meu/minha querido(a), (lá na puta que pariu) de preferencia, longe de mim.



'Cause if it wasn't for all that you tried to do
I wouldn't know just how capable I am to pull through

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Vida e morte

Pessoas morrem. Já parou para pensar nisso?
Minha avó acabou de morrer e eu só consigo pensar em quão estranho isso é.  Eu nunca mais vou vê-la, ou falar com ela, ou passar as mãos em seus cabelos e ouvi-la dizer como sempre nos parecemos... nunca mais.
Corremos tanto contra o tempo, que esquecemos de nos dar conta de que, na verdade, é ele quem corre contra nós.  E qual o sentido de competir numa corrida que certamente iremos perder?
Tudo isso é muito estranho. Talvez eu não esteja falando coisa com coisa... quer dizer, meus olhos estão inchados, a cabeça doendo e não consigo dormir... mas continua sendo estranho. Como assim, sabe? Não, a ficha não caiu.
Religiões a parte, sem devaneios de céu e inferno, a vida termina. E sendo a morte o único axioma da vida, que sentido tem insistir em vivê-la?
O telefone não para de tocar, noticias de morte facilmente se espalham, já percebeu? E amanhã, sei bem, será um dia triste. Um dia de neta sem vó.
É difícil lidar com essas coisas. A morte não tem data certa. E na semana de três provas e mil trabalhos, ela, de repente, se faz presente... provando sua soberania ante todo o resto.
Quando uma pessoa morre, deixa um pouco de si, leva um pouco com ela. Minha vó deixou muito coisa: 5 filhos, 6 netos e uma história de vitórias e batalhas. Minha ídala, eu diria. Mas ela se foi. E quem sabe não é esse o sentido da vida: eternizar-se nos outros e fazer da morte o sublime desfecho de um espetáculo sem reprise, sem direito a bis.
A vida acaba e, nem por isso, desistimos dela. Talvez pela emoção da corrida ou a adrenalina da incerteza... A verdade é que todos os dias acordamos, calçamos nossos tênis e corremos contra o tempo e a grande vitória não é alcançar a linha de chegada, mas servir de exemplo para que os outros continuem correndo.

Te amo, vó. Você é minha maior inspiração. Obrigada por me mostrar que vale a pena insistir na vida e por provar a todos que ,com garra e perseverança, o impossível é superado. Vá com Deus, vovinha... leve consigo a certeza de que todos a amamos e deixe conosco um exemplo a ser seguido e essa saudade doída, que aperta no peito e na alma.


Te amo pra sempre. <3

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amanhecia...

De olhos fechados, amparada por aqueles braços, permanecia imóvel na cama. Os corpos, entrelaçados, aqueciam-se, trocando, não só calor, como um carinho, para ela, inusitado. Podia sentir o arfar de seu peito e as batidas compassadas do coração. Estava protegida, pensava, abraçando-o com um pouco mais de força para verificar se ele não era um sonho.
Acordava de uma longa noite e, pouco a pouco, as lembranças ganhavam forma em sua mente. Constatava sua tolice em não antes perceber certas obviedades, mas isso já não era importante, uma vez que compartilhavam cumplicimente os pormenores de uma história antiga que, juntos, vinham construindo.  
Não era cedo para amá-lo e sim tarde para perceber o quanto o amava, mas o relógio era mero coadjuvante... o tempo de nada valia naquela pequena eternidade deles dois. E ela respirava uma nova vida, um novo querer, um novo sentir... e transbordava uma alegria genuína de quem encontra e é encontrada.
Podia sentir seu cheiro, seu toque e isso lhe bastava. Deitada em seu peito deixava-se ficar aconchegada e, então, a epifania: finalmente, amanhecia.






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sexta-feira, 8 de abril de 2011

DIETA

D I E T A... 5 letrinhas que, unidas, são capazes de acabar com o humor de qualquer um.  Verdade seja dita, fazer dieta é um saco e, por mais que você finja a maior alegria do mundo ao comer 2 deliciosos pés de alface com meia pitada de sal, sua vontade mesmo é atacar a lasanha do seu irmão (que é uma tripa de gente mesmo comendo o dia todo). Não são poucas as mulheres (e homens) que vivem o drama de ter que emagrecer e, convenhamos, isso é uma merda!


A impressão que dá é a de que o universo inteiro conspira para seu fracasso, afinal, por que diabos a festa de aniversário do papagaio da amiga da sua vizinha, que você não pode perder, tem que aparecer logo no dia em que você decide fechar a boca? Conspiração, of course! É  por isso que as dietas vão sempre ficando para depois e quando você menos espera já tá tendo que deitar na cama e respirar fundo para conseguir fechar a calça. A pior parte é que o jeans fica tão colado que vira praticamente um método anticoncepcional, nada entra, nada sai... e, se tiver vontade de fazer xixi, reza ou, pelo menos, chama uma amiga para segurar sua bolsa enquanto você fica pulando dentro do box do banheiro para fechar o zíper.
Como se já não fosse suficientemente ruim virar um herbívoro em crise de identidade ainda deparamos com as famosas táticas infalíveis que só servem para ferrar com nossa vida. Eu mesma fui convencida pela minha mãe, que foi convencida pela amiga dela, que beber água de berinjela (tipo, você deixa pedaços de berinjela num copo de água e, depois de 24h, o troço vira um caldo amarelo e amargo) em jejum era uma fórmula milagrosa para emagrecer... fiquei um ano bebendo aquela nojeira todo santo dia e não perdi uma grama. Fiquei num ódio tão grande que juro que, se pegar o infeliz que inventou isso, afogo ele em água de berinjela pra ele ver que delícia que é!
O grande problema é que dieta estressa e o melhor remédio para o estresse é a comida! Quando vai chegando no final da semana sua vontade é de atacar a geladeira e até a pizza, que sobrou sabe lá de quando, fica deliciosamente sedutora. A essa altura do campeonato você só pensa em comida... passa metade do dia salivando, a outra metade tentando não salivar e venderia sua alma por uma barra de chocolate. Esse é um momento crítico, em que seu potencial para arma de destruição em massa triplica e coitado daquele que ousar cruzar seu caminho com um milk-shake em mãos.
Então você se pergunta porque diabos se submete a isso e a resposta só chega no dia em que o jeans fecha e você percebe que todo seu esforço valeu a pena... mas até lá, haja sofrimento! =x




OBS: esse é um texto informal e não expressa minha opinião de acadêmica de Nutrição.

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segunda-feira, 28 de março de 2011

Destino

Não, não acredito em destino. Gosto de pensar na imprevisibilidade da vida e na maneira como cada escolha molda nosso futuro.  Sentimentos mudam, pessoas partem e o imprevisível acontece. Crer em um futuro pré determinado seria cômodo e na comodidade pouco se cresce, pouco se evolui.  Gosto de pensar em todas as possibilidades que tornam o porvir incerto, surpreendente... Porque viver esperando por algo seria um desperdício de vida.
As pessoas romantizam a ideia de destino quando, na verdade, a magia está em seu oposto. Coincidências, acaso, sorte... não importa o nome, o fato é que em universo de incertezas nascem amores  e o improvável é, muitas vezes, o melhor que poderia acontecer.  O futuro é uma estrada que construímos ao longo da vida e cuja direção é determinada por nossas escolhas.
Aceite as cartas que a vida dá e faça com elas o melhor jogo. Nem tudo está em nossas mãos, mas boa parte das coisas só acontecem quando permitimos... E  não, não acredito em destino. A vida é mais que uma linha pré tracejada, mas as vezes, só as vezes, acontecem coisas/pessoas  tão maravilhosas que fico tentada a também não crer no acaso.



                                                       S2

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Amanhã é outro dia



Aquele segundo estava eternizado. O local, a luz, o sentido do vento, as palavras... tudo dolorosamente tatuado em suas lembranças. Algo ali morrera, disso ela tinha certeza. E, de tudo, o que mais doía era aquele espaço paradoxalmente vazio e cheio ao mesmo tempo.  Andava a passos largos, levando consigo um desespero incontido, gritando por dentro uma angustia abstrata e centenas de palavras que jamais seriam ditas. Tentava em vão respirar um ar que não entrava e seguia cambaleante  por ruas desconhecidas para o mais longe que conseguisse chegar.
Via-se ante um presente que mal podia encarar. Assustavam as sensações, entorpeciam as dores, torturavam as lembranças e a saudade. Era uma mágoa tão profunda que paralisava suas ações, acorrentando-a a tudo o que queria, e não queria, esquecer. Controlava, como podia, a vontade de correr até ele, de ajoelhar, pedir, implorar que por favor ficasse mais um pouco. E simplesmente seguia, sem a menor ideia de como lidar com aquele desespero irracional de quem perde o que nunca teve.
Doía a rejeição e doía, ainda mais, o continuar sentindo, amando, querendo... Então o inesperado: não entendia seus motivos ou sua determinação em ampará-la, mas gostava... gostava de não estar só, de ter para onde correr e de esquecer, por instantes, o caos andante que era. Sentia-se, pela primeira vez em muito tempo, especial e aquilo a deslumbrava. E quem sabe a solução não era essa? Deixar-se conquistar por quem realmente estivesse disposto a querê-la.
Ele a encantava e isso a confundia...porque quando fechava os olhos era o passado que via, mas não precisava abri-los para sabe-lo ali ao seu lado segurando, pacientemente, sua mão. Precisava do novo, ainda amava o antigo. Cansada de luta, dores, rejeição... cansada. Era noite e tinha sono, ‘não precisa ficar’, mas ele ficou. Era escuro e tinha medo, mas ele a velava. Então que dormiu, protegida pelo novo, ainda amando o antigo... Amanhã é outro dia.



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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A homicida

Permanecia sentada. O tronco inclinava- se tortuosamente para frente. As mãos pairavam sobre as pernas, por falta dum lugar melhor para esconde-las. E o olhar impenetrável traduzia o intraduzível num misto de medo, receio e, porque não?, confusão. A sua volta o cômodo escuro e empoeirado, quase abandonado, era tomado por sombras provenientes dos poucos móveis ali restantes.
Permanecia estática. Os olhos evitavam olhar, mas estava ali, jazendo a meio metro, e disso ela bem sabia. O caixão, cuidadosamente escolhido, permanecia fechado e, sobre ele, uma única rosa solitária quebrava a monocromia da madeira. Ainda sentada, lutava contra aquela sensação estranha de não saber o que se passa. Estava morto, para sempre morto. Isso deveria doer! Doía... mas não só doía.
Aquele misto de sensações, quase enlouquecedor, ia pouco a pouco ganhando forma através de lembranças de um passado que nada mais era, senão passado. Fugia de perceber que ele logo seria substituído e que, verdade seja dita, talvez nem fizesse falta.
 Então que, não sem esforço, após aquela quase eternidade ali sentada, finalmente erguia-se para encarar o invólucro de madeira. Enquanto observava, as lágrimas, que até então contivera, insistiam em escorrer pela face avermelhada e percebia chorosa o peso daquele homicídio. Faltavam- lhe forças para enterrá-lo, mas já estava na hora.
Olhava para o caixão onde jazia morto seu maior e mais antigo sonho. Tive que mata-lo, pensava, era ele ou eu... Assim que, subitamente determinada, atravessava o cômodo e deixava a luz entrar: porque agora a porta estava fechada, mas a janela... a janela nunca estivera tão aberta.


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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Só mais uma carta...

Sei como minhas crises existenciais têm o poder de te irritar. Mas o que posso fazer? Minha dramaticidade é crônica. O pouco se torna muito em questão de segundos  e fico nessa  brincadeira de amarelinha, entre um extremo e outro, tentando não pisar nas linhas. O que você talvez não sabe é que essa minha dinamicidade natural se altera constantemente ao ritmo de suas aparições. É seguro estar ao seu lado. Me conforta a sua existência. E isso me basta para afastar (ou aproximar), mesmo que momentaneamente, certos medos juvenis que, vez ou outra, insistem em me assombrar.
            Com você conheci sensações inusitadas e percebi como minhas emoções podem ser drasticamente influenciadas por uma simples palavra ou toque. Por mais clichê que pareça, e é, chegar em casa cansada e poder te dizer ‘oi’ é atormentadoramente reconfortante. Confesso que me amedronta esse seu poder sobre mim, afinal, meio que tira das minhas mãos o controle da situação. Por outro lado, creio que é algo bom poder se dividir com alguém... mesmo que a divisão seja, vez ou outra, desigual e eu acabe me sentindo mais sua que minha mesma.
            É confuso me ver desse jeito. Travo batalhas, mudo conceitos, mas não, não desisto de você. Porque a verdade é que não serviria mais ninguém... Não se assuste comigo, um dia tudo isso fará sentido e, se não fizer, pouco importa... desisti de entender para focar em viver.

                                                                BUBBLY



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sábado, 15 de janeiro de 2011

Chuvas -.-

Eu odeio chuva! Não adianta tentar me convencer do contrário! Não é preciso nem uma tempestade para que ela acabe com seu cabelo e se você tiver em casa pode ter certeza de que a energia já era. Aqui em casa, pelo menos, basta que se cuspa no telhado ou que o cachorro mije (ops, muito feio uma mocinha falar mije) ou que o cachorro faça xixi/urine/elimine resíduos corporais líquidos no poste para que fiquemos sem luz. E se tem uma coisa que odeio mais que chuva é ficar sem energia, quando junta os dois então nem se fala!
Como se já não bastasse eu odiar quando chove, parece que as chuvas me perseguem! Essa semana, por exemplo, saí do estagio mais tarde que o normal, debaixo do maior pé d’água, para pegar dois ônibus na hora do rush. Quando fui em direção ao ponto, agarrada à minha sombrinha e no meio de uma avenida, passaram dois carros simultaneamente, um de cada lado. Tiiiiiipo, os filhos duma #@&*$# nem pra diminuir a velocidade! Fiquei molhada até a alma e o pior eu tava de calça jeans! Sabe aquelas calças que você deita na cama, reza dez ave Maria e respira o mais fundo possível para entrar? Pois é, era uma dessas! Eu fiquei lacrada! É sério, não tinha santo que seria capaz de me tirar de dentro daquela calça! Tava me sentindo um vidro de palmito ambulante, embalada a vácuo! Foi horrível!!! E para piorar minha vida, fiquei com frio até no osso, sem contar com o estado do meu cabelo que prefiro nem comentar! Agora me pergunta, pra que diabos serviu a sombrinha naquela hora????
Quando cheguei em casa, séculos depois, parecendo um pinto molhado e morrendo de frio, descobri que não tinha energia! Estava no escuro, presa numa droga de calça, sem banho quente, sem internet e sem bateria no notebook! É ou não é pra ficar puta? Nesse dia fiquei estressada, sério mesmo.
Se somar a esse episódio todas as raivas que já passei... fica mais do que explicado o porquê deu não suportar chuvas. Elas acabam com seu cabelo, te impedem de usar aquele vestido maravilhoso com decote em V e não morrer de frio, deprimem se você estiver sozinha em casa e, dependendo da sua sorte, ainda lhe rendem um belo resfriado. Enfim, se for para escolher, que venha o sol e adeus às tempestades.


Obs: Esse é um texto descontraído e não deve ser interpretado como uma afronta àqueles que realmente vêm sofrendo com o excesso de chuvas.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Tique Taque

Mesmo com um infinito pela frente, me apego ao antigo. Teimo, choro, esperneio e me desespero. Dou tudo o que tenho, tudo o que posso... corro contra o tempo. O tique taque ressoa  impaciente, martelando compassadamente o futuro que eu não quero ver chegar, por medo, confesso, do que nele existe, mas, acima de tudo, do que/quem pode faltar.
E, entre soluços e tropeços, vou indo contra a maré... numa inconstância constante que ora salva e ora condena. Reinvento, trapaceio, fujo... vou correndo dos caminhos que me afastam do que, não deveria, mas quero. A cada passo mais perto, a cada passo mais longe.
E enquanto puder, insisto, permaneço... desacredito o destino e, não sem esforço, vou por caminhos contrários. Tique taque, podem seguir sem mim.


NO AIR