sábado, 13 de novembro de 2010

Esquecer

Machado de Assis disse: “A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito.”
Pode ser muita petulância da minha parte, mas sou obrigada a discordar. Não existe isso de esquecer. Não tem como apagar as marcas que algo ou alguém deixa. Escrever uma história sobre outra, simplesmente não é possível. Querendo ou não nosso cérebro é um emaranhado de neurônios complexamente conectados e nossas lembranças ficam ali, latentes. Basta um cheiro, uma musica, um lugar (ou até mesmo um ingresso de cinema que você insiste em não tirar da carteira) para ativar a maldita (ou bendita) sinapse que te transporta para determinado momento biologicamente e psicologicamente eternizado.
Dizem que esquecer é uma necessidade, mas não creio que seja verdade. Acontecimentos, bons ou ruins constroem aquilo que somos e aquilo que nos tornamos. O esquecimento nesse sentido seria um passo no caminho oposto ao do crescimento e amadurecimento. É óbvio que também não dá para ficar constantemente remoendo o passado, o que quero dizer é que não podemos desconsiderar a importância de nossas experiências, sejam elas indolores ou não.
O melhor jeito de superar não é esquecer e sim mudar o foco. Assim, quando eventualmente  a sinapse for ativada, a dor de outrora já será mais amena, respirar não será tão difícil e chorar nem será cogitado. Apagar o passado é impossível... mas passado é passado, portanto, deixemos que passe. E se, no final das contas, sua conclusão for que não quer esquecer, não quer mudar o foco, não quer deixar passar: relaxa, o futuro é seu e você determina o que vale ou deixa de valer a pena.

Um comentário:

  1. E o tal do foco. É o que penso. Ninguém deixa de querer ninguém só por deixar. O segredo é querer sem importância; conseguir olhar para os lados, arrancar o "cabresto".

    Não é necessário esquecer, basta guardar sem mágoas, certo? :)

    Beijo anjinho :*

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