Li que uma mulher é poderosa quando se torna um desafio mental, quando mostra que é capaz de manter inabalada sua rotina independentemente de qualquer relacionamento, quando consegue ser segura e gentil ao mesmo tempo, quando não demonstra o que sente, mantendo- se enigmática, confiante, tentadora... Enfim, uma mulher é poderosa quando deixa de ser humana, ou, ao menos, deixa de ser como eu.
Nunca consegui ser o tipo de pessoa que revistas e livros não cansam de enaltecer, talvez isso explique meus fracassos sucessivos, ou talvez não signifique nada. A vida e as pessoas são tão singulares que não entra na minha cabeça isso de adequar o agir, o sentir e o pensar a um determinado padrão. Sou tantas numa só que é, provavelmente, impossível sumarizar meus extremos. E o que fazer quando sua essência vai contra toda e qualquer linha de comportamento classificado como adequado?
Sinto me desafiada, ameaçada... como se o mundo jogasse na minha cara que, sendo eu mesma, estarei fadada à solidão. Não sei ser de outro jeito e não quero/queria ser condenada por isso. Não admito essa culpa que me toma. Mas me enlouquecem as vozes que gritam e gargalham e zombam da minha incapacidade de dissimular o que sinto.
Não quero ter que escolher entre eu e ter alguém... e sei que, apesar de tudo, tenho muito a oferecer. Por isso, nessa busca incessante e exaustiva, sigo na esperança de que alguém um dia será doido o suficiente para me aguentar assim mesmo: transbordante de emoções, pensamentos e quereres. Porque poderosa sou eu, que não desisto de mim.